Flu conseguiu perder controle da partida ganhando de 2 a 0 e acabou dominado pelo vice-lanterna
O Fluminense de Fernando Diniz versão 2022 já tinha mostrado várias facetas positivas ao longo da temporada: um time corajoso, um DNA de posse de bola, um padrão tático “sanfona”, com linhas sempre compactadas… Mas desta vez, na derrota por 3 a 2 para o Atlético-GO no Antônio Accioly, demonstrou uma falta de maturidade ao entregar um jogo que tinha nas mãos após abrir 2 a 0.
Mais do que a vantagem no placar, a atmosfera lhe era favorável. O Atlético-GO, vice-lanterna do Campeonato Brasileiro, desesperado em campo pelo iminente risco de rebaixamento, jogadores do próprio time nervosos e discutindo asperamente, e a torcida fazendo cobranças na arquibancada. Se a virada diante desse cenário por um lado foi épica, naturalmente pelo outro foi vergonhosa.

O Fluminense até criou bastante para “matar” o jogo. Foram oito grandes chances: além dos dois gols, Calegari teve um chute na área aos 12; aos 35, Martinelli apareceu livre em escanteio rasteiro e furou; já no segundo tempo, Ganso estragou um contra-ataque ao errar o passe para Arias sozinho na área aos cinco (o camisa 10 também podia ter chutado); no lance seguinte, Cano cabeceou sozinho para fora; Martinelli fez uma finalização de peito aos 12 (era para ter ido de cabeça), e o próprio volante cabeceou uma bola que raspou a trave aos 28. Mas o Tricolor acabou a partida sendo dominado pelo Dragão, que finalizou bem mais (24 a 14) e assustou mais: foram 10 oportunidades.
Na escalação, Diniz acertou por um lado. A escolha por Nathan na vaga de Matheus Martins, que vinha mal nos últimos jogos, foi feliz. O meia encaixou bem e foi um dos melhores no primeiro tempo. A opção por Cristiano na lateral esquerda, uma vez que improvisou Felipe Melo na zaga por aquele lado, também deu mais proteção ao setor.
Por outro lado, a escolha da dupla de zaga acabou sendo infeliz diante do que foi o jogo do adversário: um show de chuveirinhos na área. Diniz argumentou na entrevista coletiva que o Atlético-GO não vinha tendo a bola aérea como ponto forte nos últimos jogos, e que Felipe Melo entregava qualidade na saída de bola. Mas durante a partida ficou nítida a estratégia rubro-negra, talvez até adotada em função da improvisação e da dificuldade tricolor pelo alto.
Tanto que as quatro primeiras chances de gol do Dragão foram todas na bola aérea: a cabeçada torta de Wanderson aos 16; o pênalti de Nino convertido aos 45; a cabeçada no ângulo de Churín aos 48; e a oportunidade de Airton sozinho na área aos sete minutos da etapa final. E o gol de empate, aos 29, também nasce de uma bola “pererecando” após um cruzamento.
Mesmo com o ex-titular David Braz no banco, Diniz não o colocou. Não que o futebol seja uma ciência exata, e com Braz em campo o Fluminense não tomaria a virada. Mas o que é fato é que o zagueiro é muito mais eficiente no jogo aéreo do que Felipe Melo. E, no campo das suposições, ele poderia ter contribuído mais, falando especificamente dessa partida.

Fonte: Globo Esporte